Com a economia do país e do mundo impactada pela pandemia, todos os setores estão em crise, certo? Errado! Mantida em funcionamento durante o período de isolamento social, a construção civil segue um fluxo de crescimento que promete ser o melhor dos últimos tempos, conforme revelam os empresários do setor: “A convivência, por mais tempo, nos lares, em isolamento ou home office, expôs a fragilidade dos imóveis e acentuou as demandas de pequenas reformas em busca de conforto e até adaptação a essa nova realidade. Além disso, muitos perceberam a necessidade de buscar um apartamento ou uma casa maior, comportamento que aqueceu e impulsionou a venda de novos imóveis”, avalia o empreendedor Kennedy Neiva, diretor da Tempore Empreendimentos Imobiliários. Hoje, a demanda por mão de obra está em alta e dificilmente é encontrada disponível no mercado. “Acho que teremos um grande ciclo virtuoso no setor por, no mínimo, 10 anos, com grande impacto positivo desses novos comportamentos”, completa.
Esse comportamento pode ser mensurado em números. Segundo Kennedy Neiva, a estimativa é que sejam negociados em torno de 1.500 imóveis em Lafaiete, movimentando algo entorno de R$150 a R$200 milhões. “Não tenho dúvidas de que o valor movimentado será muito superior que o do ano anterior. No mínimo, 40% maior”, detalha. A justificativa para essa mudança vem da própria economia, uma vez que a crise acabou por gerar excelentes condições para se investir no setor: “Em minha opinião, é o melhor momento [para construir ou reformar] que vivemos nos últimos 10 anos. Entre os motivos, posso citar o crédito farto, os juros mais baixos da história do Brasil e imóveis baratos - os preços estão sem reajustes deste de 2016. Há uma grande tendência de valorização, impulsionada pela queda do juros”, situa Kennedy Neiva.
Proprietário da Construir, o engenheiro civil Adriano Barrionuevo Carrillo também sentiu uma melhora no setor nos últimos 2 anos, intensificada pelo cenário econômico que se desenhou na pandemia: “Não fomos impactados negativamente pela pandemia, uma vez que não tivemos que paralisar nossas atividades. E nesse meio tempo, muitos resolveram reformar ou construir, por perceberem que o cenário econômico é positivo para isso. De maneira geral, acho que as vendas cresceram cerca de 20%”, calcula. Um dos motivos tem sido a queda nas taxas de investimento: “É um excelente momento para investir na construção, pois com o mercado de capitais em baixa, a construção tem um bom retorno e é de baixo risco”, pontua.
Kennedy Neiva também vê como natural essa migração dos investimentos do mercado financeiro para a construção: “Atualmente, com os novos patamares de juros estabelecidos no país, não dá pra viver mais de aplicação financeira. Acabou a vida de rentista. O capital só vai crescer se for investido no trabalho e na produção. Comprar um lote e construir, por exemplo, é uma excelente forma de investimento, com segurança e boa rentabilidade. Quero afirmar aos leitores que chegou a vez da construção civil. Acredito que teremos, sem dúvidas, um grande ciclo de prosperidade adiante”, considera.
No momento em que tantos setores foram paralisados, a construção civil teve sinal verde para continuar com suas atividades. E essa decisão, avaliada como positiva do ponto de vista econômico, acabou surtindo grande efeito social: “A importância desse setor na geração de emprego e renda é enorme. Enquadrar a construção civil como serviço essencial durante a pandemia garantiu a manutenção de milhares de empregos de empregos de baixa escolaridade, uma vez que 25% dessa mão de obra é absorvida pela construção civil, e ainda garantiu a abertura de novos postos de trabalho em um momento em que as demissões em outros setores dispararam. A completa paralisia desse setor teria graves consequências para a nossa economia”, explica Neiva.
A tendência é que o tipo de imóveis oferecidos no mercado local também se modifique: “A construção civil vem passando por grandes transformações nesses últimos tempos. Nossa região, por exemplo, foi invadida, nos últimos 5 anos, com inúmeros lançamentos de empreendimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida, algo que não se sustentou nos dias atuais devido à saturação desse nicho de produto. A percepção que temos é que a maioria dos novos lançamentos são de unidades de pequeno porte alavancados por um nova geração de empreendedores muito bem antenados com as tendências e necessidades do mercado. Essa nova geração de empreendedores está muito mais estruturada e com foco na qualidade”, finaliza.
Fonte: Jornal Correio da Cidade